quarta-feira, 14 de maio de 2008

Vida publica & privada



Na minha vida pública tenho de engolir sapos numa base diária. A vida pública, regra geral, é assim mesmo, e, se até o próprio Sócrates tem de vir pedir desculpa por acender um cigarrito num voo intercontinental, imagine-se o que não tem um tipo absolutamente comum de fazer no seu dia à dia. Isso é na minha vida pública.

Na minha vida privada, contudo, as coisas são diferentes. O último território onde o homem moderno pode (ainda) estabelecer o principado da sua independência é o da sua vida íntima.

Não passo cartão dos meus actos na minha vida privada a ninguém. Não cometo quaisquer crimes privados que possam ser extrapolados para o direito público.

Escrevo o que quero, quando quero e sobra-me tempo. Não ponho os cornos à minha parceira, não vendo amigos nem troco família. Por isso não me queiram vender arquétipos comportamentais; não me queiram impor cabrestos.

Caso contrário, terei de vos mandar para a puta que vos pariu. É essa, talvez, a maior diferença entre a vida pública e a vida privada: na primeira não podemos explodir, na segunda essa é sempre uma possibilidade diária.