Não é fácil quando as pessoas não são capazes de arrumar o passado. Há até quem nunca o arrume; até mesmo aqueles que teoricamente estariam melhor apetrechados para o fazer. Aprende-se, suponho, mas o acesso à aprendizagem em si – em devido tempo todos somos forçados a arrumar pessoas e coisas nas prateleiras do passado - não basta para nos conciliarmos efectivamente com este, é necessário também algum fair play da nossa parte.
Sem fair play, seria difícil aceitar a perda de tantas coisas e pessoas que parecia impossível perdermos. Como aceitar a perda de uma mãe, um pai, uma fortuna ou até de talento? Como aceitar os truques do destino? Não é fácil e não há muito a dizer sobre isso; aqueles que não aceitem que por vezes a perda pode parecer impossível – e como tal é experiênciada - também não conseguirão arrumar os seus assuntos presentes com o passado próximo ou distante, sendo que quase sempre essa é a atitude mais apropriada a tomar. Quanto mais depressa formos capazes de nos conciliar com as nossas perdas, maiores serão os nossos ganhos.